Pular para o conteúdo principal

Ciclovia que desabou está exposta a outros riscos, de corrosão a descargas elétricas

Pedro Zuazo | Extra

As ameaças que pairam sobre a ciclovia Tim Maia vão muito além de fortes ressacas. Segundo o engenheiro Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de riscos, o material metálico presente em toda a extensão do guarda-corpo pode transformar a ciclovia num grande para-raios em caso de tempestade. E não é só: exposto de forma permanente à maresia, o metal está fadado a enferrujar. Isso, sem falar nos erros estruturais da construção. A convite do EXTRA, o engenheiro visitou nesta quarta-feira o local onde, há uma semana, desabou um trecho da ciclovia, e listou os sete erros do projeto.


Falta de análise de risco foi o maior erro
Falta de análise de risco foi o maior erro Foto: Roberto Moreyra

— Durante as obras, eu via aquela estrutura leve e me perguntava qual era o segredo para não ter a mesma robustez de outras construções feitas em encostas. O bacana dessa ciclovia era exatamente a sensação de perigo. Colocar o ciclista em situação de aparente risco, mas absolutamente seguro. Hoje, vejo que o projeto foi ingênuo — afirma Portela.

O pai de todos os erros, na opinião do especialista, foi a falta de um relatório de análise de risco. Se o estudo tivesse sido feito, ainda na fase do projeto básico, muitos perigos iminentes teriam sido evitados. Um dos riscos ao qual a construção está exposta, explica o especialista, é a exposição a descargas elétricas.

— A estrutura do guarda-corpos é de metal, que é um bom condutor de energia. Se um raio cair no Leblon, a descarga elétrica pode percorrer toda a estrutura até São Conrado. Quem estiver em cima de uma bicicleta, em qualquer ponto do trajeto, pode estar em perigo — alerta ele (veja os sete erros abaixo).

Praticante de ciclismo, o engenheiro, que não teve a oportunidade de pedalar na ciclovia Tim Maia, faz questão de uma ressalva: a estética é um ponto positivo do projeto.

— Talvez uma ciclovia certa num lugar errado. Se fosse num parque ou sobre um pequeno riacho, quem sabe na Quinta da Boa Vista, poderia ser muito interessante. Além disso, a ideia de ter uma ciclovia ali é boa, embora tenham esquecido as consequências do local. Também houve uma preocupação em fixas as telas, transpassando cabos de aço resistentes, mas que podem ficar comprometidos por causa da ferrugem — diz.

Os sete erros da ciclovia:

Às cegas: O projeto não contou com um relatório de análise de risco, que poderia prever perigos e propor possíveis soluções.

Aberta 24h: Faltou um plano operacional, que restringisse o acesso em caso de ressaca ou temporal.

À deriva: A passarela não foi ancorada aos pilares em trechos cruciais.

Para-raios: O metal dos guarda-corpos expõe a estrutura a descargas elétricas naturais.

Ferrugem: Há riscos de corrosão nos guarda-corpos e nas telas.

Telas: Em estado de corrosão, as telas podem não suportar o impacto de bicicletas.

Acidentes: Muretas mais altas nas curvas da Niemeyer podem evitar que ônibus tombem na ciclovia.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PM desabafa que alertou superiores sobre resgate em hospital do RJ

Policial desabafa sobre falta de condições de trabalho. 'Ninguém fez nada', denuncia o agente em mensagem que circula na web. Do G1 Rio Em um áudio que circula pela internet, um dos dois policiais responsáveis por fazer a segurança do criminoso conhecido como Fat Family, resgatado do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, desabafa e conta que chegou a pedir reforço, mas não foi atendido. Ele disse ainda que chegou a alertar que era possível notar que aconteceria um crime, mas não teve a sua denúncia ouvida pelos superiores, como informou o Bom Dia Rio.  Nícolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, durante internação no Souza Aguiar (Foto: Reprodução/TV Globo) “Eu tava lá nessa custódia aí, os colegas que me renderam. Você pede apoio ao batalhão e ninguém faz nada. Pedi fuzil, não me deram, pedi viatura para cercar o lugar lá, não me deram”, contou o policial. Segundo o PM, ele chegou a alertar os responsáveis, mas não foi ouvido. “Fizeram contato com o chefe

Militares da Força Nacional são atacados a tiros na Maré, Rio

Eles teriam entrado por engano na Vila do João e carro foi baleado. 1 militar foi ferido gravemente, segundo ministro da Justiça. Do G1 Rio Uma equipe da Força Nacional foi atacada a tiros na tarde desta quarta-feira (10) no Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. Um policial foi baleado na cabeça e levado em estado grave para o hospital. A equipe estava a caminho do Centro, entrou por engano na Vila do João, uma comunidade dominada por traficantes, e foi atacada numa localidade conhecida como Boca do Papai. Motorista do carro foi atingido na cabeça e socorrido em estado grave Segundo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes: - o capitão capitão Alen Marcos Rodrigues Ferreira, que atua em Cruzeiro do Sul, no Acre, teve ferimentos leves; - o soldado Rafael Pereira, do Piauí, escapou ileso; e - o soldado Hélio Andrade, de Roraima, foi ferido gravemente. Hélio Andrade, 37 anos, está no Rio desde 2015 e foi atingido com um tiro de fuzil na testa e perdeu muita mass

Deputado do Psol protocola pedido de CPI para auditar contas do Governo do Rio

Requerimento de Wanderson Nogueira tem a assinatura de 31 parlamentares Jornal do Brasil O deputado estadual Wanderson Nogueira (PSOL-RJ) protocolou nesta quarta-feira (13) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) um requerimento de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para auditoria das contas do Estado e investigação da atual crise econômica. Outros 30 parlamentares assinaram o documento que será analisado pela Presidência da Casa. Wanderson Nogueira, do Psol, obteve 30 assinaturas para protocolar CPI na Alerj A justificativa do requerimento da CPI ressalta a grave crise que o Estado do Rio de Janeiro vive e a necessidade do Poder Legislativo cumprir seu papel fiscalizatório. De acordo com o texto, falta dinheiro para pagar servidores públicos e bolsas de estudo já concedidas, a Previdência está falida e não há recursos para honrar contratos, adquirir insumos, prover hospitais e escolas. Para Wanderson Nogueira, que propôs a criação da CPI, as c