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Polícia Civil do RJ limita até uso de papel para registros de ocorrência

Abastecimento de um terço das viaturas será cortado.

Chefe da instituição determinou adoção de medidas para conter gastos.


Henrique Coelho | G1 Rio

O chefe de Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, determinou a adoção de uma série de medidas para economizar recursos, em decorrência da crise financeira do estado. Em ofício enviado à Secretaria de Segurança, Veloso afirma que as medidas têm "o objetivo de minimizar o comprometimento das atividades" da instituição. A "tesourada" restringe do papel usado para imprimir registros de ocorrência a emissão de passagens aéreas para cumprimento de missões em outros estados.


Fernando Veloso explicou medidas de contenção de gastos na Polícia Civil do Rio (Foto: Henrique Coelho/G1)
Fernando Veloso explicou medidas de contenção de gastos na Polícia Civil do Rio (Foto: Henrique Coelho/G1)

Em entrevista ao G1, chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, classificou como "um remédio amargo" as medidas de cortes de gastos. Segundo ele, a dificuldade maior no momento é a falta de certeza sobre o dia de pagamento dos servidores da Polícia Civil. "Eu mesmo não sei o dia em que vou receber, e sei que o nosso policial não está feliz e motivado com essa situação. Mas temos que nos adaptar. É um remédio amargo, mas sem ele o paciente morre", explicou Veloso. "O desafio para o policial civil será fazer o melhor possível com menos", acrescentou.

Pelas determinações do chefe de Polícia Civil, os registros de ocorrência deverão ser enviados às vítimas de crimes e a seus representantes por e-mail, evitando assim que o documento seja impresso. Ficam suspensas também as diligências em outros estados e o transporte de presos, devido à falta de recursos para o custeio de passagens aéreas e pagamento de diárias. "Quem arca com o custo e a polícia, e não temos recursos para isso no momento. Só se o recurso vier, já que não temos independência financeira", avalia. "Os recursos da polícia civil são locados pela Secretaria de Segurança do Estado. A locação de veículos, por exemplo, também será contingenciada, em 50% ou até mesmo 100%", diz Veloso.

O combustível da frota também será restringido: um terço da frota de viaturas terá o abastecimento diário cortado. Será priorizado sempre o transporte de presos.

No entanto, os carros usados pela Divisão de Homicídios, Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), Departamento-Geral de Polícia Técnico-Científica e Divisão de Capturas da Polinter não terão combustível racionado. Os demais órgãos da instituição deverão apresentar seus planos de redução ao Departamento-Geral de Administração e Finanças em até cinco dias.

O Regime Adicional de Serviço (RAS), que nos últimos anos se tornou uma fonte de renda extra para os policiais, também não ficará imune aos cortes: o número de vagas disponíveis será reduzido em um terço, cabendo à Subchefia Operacional aplicar a redução.

As medidas de contenção de gastos poderão ser suspensas ou até incrementadas a qualquer momento, de acordo com a "evolução do contingenciamento financeiro e suas repercussões sobre as atividades desenvolvidas". Todos os órgãos da estrutura da Polícia Civil deverão acompanhar esta evolução e apresentar suas considerações à chefia, de modo a orientar a adoção de eventuais novas medidas.

Apesar de manifestar preocupação sobre possibilidades de novas paralisações de policiais civis, Veloso afirma que não vê com bons olhos esse tipo de movimento. Ele pede, entretanto, para que a segurança seja tratada como prioridade no estado: "É muito difícil dizer quem é mais importante, mas espero que, se a segurança é prioridade, que seja tratada como prioridade. O policial não está feliz, e eu também não estou feliz, mas tenho certeza que o policial vai expressar essa indignação de forma inteligente, e não qualquer postura que prejudique ainda mais a sociedade", avaliou.



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