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Moradores de Cascadura relatam aumento da violência onde universitário foi morto

Homem teve moto roubada por trio que iniciou tiroteio que acabou matando o jovem William Dias, em Cascadura


Lucas Gayoso | O Dia

Rio - O sonho de se formar em Educação Física terminou na esquina estreita de uma vila em Cascadura, Zona Norte, para o universitário William Davi de Almeida Novaes Cordeiro, de 18 anos. Ele foi atingido por uma bala perdida durante um confronto entre um policial e assaltantes quando voltava da igreja, na noite de segunda-feira. Foi encontrado caído sobre um carro depenado. O jovem era querido pelos moradores do local, que reclamam do aumento da criminalidade na região.

A troca de tiros começou por volta das 21h, na Rua Cametá. Segundo testemunhas, um major da Polícia Militar estava saindo com o carro quando foi abordado por três criminosos. Ele reagiu e começou o tiroteio. Uma das balas atingiu a barriga de William, que foi levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. Os bandidos conseguiram fugir.

Um morador de uma casa perto do local do crime, que não quis se identificar, disse que foi rendido pelos criminosos momentos antes de ouvir os tiros que mataram William. Ainda abalado, ele contou que está com medo de sair de casa. “Eles me seguiram em um carro branco e eu só percebi quando chegaram bem perto. Fui rendido com uma pistola e levaram minha moto. Quando eles foram embora, cruzaram com o vizinho que é major e começou a troca de tiros”, disse o homem, que conseguiu recuperar a moto, abandonada perto do local.

O policial que participou do tiroteio contou que levou o jovem para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, onde teve uma hemorragia interna e não resistiu. O vidro traseiro do carro do major ficou cravado por balas. “Um deles veio na minha direção, falou ‘perdeu’. Eu falei: ‘Tá tranquilo’. Aí, meti a mão na pistola, que estava no banco do carona. Ele percebeu, começou a atirar e correr. De dentro do carro, eu revidei’, contou ele.

Isabel Cristina, 44 anos, que mora na frente de onde o corpo do jovem foi encontrado revelou que a tragédia poderia ter sido ainda maior. “Dez minutos antes, a rua estava cheia de crianças brincando. Poderia ter atingido ainda mais gente. Estamos assustados, porque a criminalidade aqui tem aumentado muito”, afirma.

William Menezes Cordeiro, pai do jovem, disse que o rapaz será sepultado com o uniforme de Educação Física no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, na Baixada. “Não consigo acreditar. Era um menino sonhador, de 18 anos. Era um sonho dele se formar e estava iniciando o primeiro ano da faculdade. Agora, não tem como ele se formar. Então, vou colocar o uniforme nele para concluir o sonho”, lamentou ao comparecer no IML para liberar o corpo.

O delegado Fábio Cardoso, titular da delegacia de Homicídios da capital, disse, em nota, que foi realizada perícia e que diligências estão em andamento para concluir as investigações.

Roubos na área sobem 14%

A sensação dos moradores que a criminalidade na área aumentou é confirmada pelas estatísticas oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP). O número de roubos na região cresceu em 16% na comparação de fevereiro do ano passado e de 2016 (de 1.095 para 1.277). Já o número total de crimes registrados subiu 14% (de 2.794 para 3.203). Moradora da Rua Cametá, a aposentada Isadora Silva, 62 anos, disse que passou a evitar andar à noite no bairro.

“Aqui, antigamente, era muito tranquilo. Hoje em dia ficou muito perigoso”, contou. A PM informou que o 9º BPM (Rocha Miranda) está com “atenção voltada para esses crimes e tem realizado operações sistemáticas”, além de ter recebido reforço de policiais para o patrulhamento.

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